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DOSVOX CELEBRA 30 ANOS

Este mês o Instituto Tércio Pacitti celebra os 30 anos do sistema Dosvox que continua sendo uma das mais relevantes tecnologias assistivas disponíveis para os usuários de computadores cegos ou com baixa visão no Brasil e em diversos países lusófonos. Desenvolvido pelo pesquisador José Antonio dos Santos Borges (NCE) e apresentado ao público em 1993, o sistema DOSVOX foi pioneiro no mundo ao possibilitar a inclusão de pessoas com deficiência no mundo digital de forma gratuita, tendo revolucionado o ensino de pessoas com deficiência visual desde a alfabetização até o ensino superior.

O ambiente operacional e o conjunto de ferramentas de sistema desenvolvidos pelo pesquisador do NCE permitiu às pessoas com deficiência visual o desempenho de uma série de tarefas por meio do computador tais como: leitura, escrita, edição de textos em tinta e em Braille, correio eletrônico, acesso à internet, além de inúmeras funções profissionais e de entretenimento através de uma interface amigável e intuitiva, pensada para conferir aos usuários um alto nível de autonomia no estudo e no trabalho e, consequentemente, a inclusão social das pessoas com necessidades especiais.

No Dosvox, todo acesso é feito pelo teclado, e o sistema de seleção por menus conduz o deficiente a uma operação com muito menos erros. Após a seleção da função, o sistema conversa com o deficiente visual em português. Além disso, o Dosvox dá suporte a operação de programas que não foram criados para cegos (mais de 150 atualmente), através de adaptações que permitem leitura sintética de telas ou substituição de interações bidimensionais ou cliques de mouse.

O uso do computador para o ensino de pessoas com deficiência visual foi, num primeiro momento, bastante questionado, sobretudo para alfabetização e nos anos iniciais do ensino fundamental, pois acreditava-se que o método Braille era o único caminho. Exatamente por isso, o Dosvox foi revolucionário: o sistema permitiu que as pessoas cegas pudessem ler, escrever e serem lidas por todos. Nas palavras de Antônio Borges: “Isso ocorre pois a leitura e escrita das pessoas cegas, tradicionalmente, se faz através do método Braille. Entretanto, raríssimas pessoas que enxergam conseguem ler ou escrever Braille (muito menos com fluência). Isso isolava as pessoas cegas num gueto cultural: um cego só escrevia para outro cego ler”. Além disso, explica o pesquisador, “a comunicação pela internet possibilitou a eliminação da necessidade da locomoção e uma experiência de comunicação com outros usuários na qual a pessoa cega, pelo menos numa comunicação inicial, não é vista como deficiente pelo parceiro”. O desenvolvimento de jogos para cegos e também para autistas destacou-se como um importante instrumento pedagógico e estratégia de aprendizagem para crianças e jovens com necessidades especiais. O projeto Dosvox também destaca-se pelo seu protagonismo fornecendo ferramentas educacionais e profissionais para estudantes do ensino médio e superior.

Com efeito, o projeto Dosvox vai muito além do desenvolvimento de ferramentas computacionais, fornecendo treinamentos e uma rede de apoio institucional para as pessoas com deficiência visual e para educadores, que tem por finalidade capacitar os usuários e fornecer os recursos tecnológicos necessários para o desenvolvimento pessoal e profissional da pessoa cega. O Centro de Apoio Educacional aos Cegos (CAEC), que atua fornecendo suporte aos usuários do Dosvox, a Rádio Dosvox, e outras ações tais como os cursos de extensão “Aplicação de Ferramentas Computacionais para Apoio ao Ensino de Matemática para Alunos com Deficiência Visual” e “O uso da Tecnologia Assistiva para Educadores com ênfase no aluno cego” são exemplos das diversas frentes de atuação do projeto.